14.11.06

Pacto com o Diabo!



Síria e Irã, duas nações consideradas vilãs no atlas político do governo de George W. Bush, podem ter a chave para salvar os planos americanos no Iraque.
O governo americano poderá precisar de dois aliados regionais para ajudar a estabilizar o país, para que possa retirar seus soldados de uma missão cada vez mais impopular.
Mas devido às tensas relações com os governos do Irã e da Síria, os Estados Unidos só conseguirão assegurar a cooperação ativa dos iranianos e sírios pagando um alto preço diplomático, pois os dois países são conhecidos por suas habilidades de barganha.
O que querem os iranianos?

O Irã quer uma grande transformação em seu relacionamento com os Estados Unidos - que é um dos mais antagonísticos do mundo.
Atualmente a atenção de Washington e seus aliados está voltada para o programa nuclear do Irã, que afirmam ser voltado para a produção de capacidades militares não convencionais.
Teerã quer permissão para continuar seu programa - incluindo o enriquecimento de urânio - que afirma ser completamente pacífico e dentro do regime internacional de não-proliferação de armas nucleares. Isto significa um fim às ameaças de sanções da ONU - que o país foi capaz de evitar até o momento - e um fim às ameaças dos Estados Unidos e de Israel de ação militar para destruir as instalações nucleares iranianas.
No passado, Teerã não se deu bem em uma tentativa de abrir diálogo com este que é um das mais enérgicos governos americanos.
Em maio de 2003, por exemplo, o Irã se ofereceu para abrir seu programa nuclear, dominar o Hezbollah e cooperar contra a Al-Qaeda, mas teria sido rejeitado pelo ex-secretário de Defesa Donald Rumsfeld e o vice-presidente Dick Cheney.
Desde então um presidente de direita foi eleito no Irã, apesar de o poder executivo em geral permanecer com a liderança revolucionária religiosa do aiatolá Khamenei.
Levando em conta sua experiência passada, o Irã deve recusar qualquer proposta dos Estados Unidos ou de seus aliados para negociações em questões específicas.
O Irã quer ser totalmente absolvido da designação lançada por Washington, de que o país faz parte do chamado "eixo do mal" - um país a ser marginalizado pelos aliados ocidentais.
Ainda não se sabe qual a importância do papel que o Irã quer ter no Iraque.
O país já tem um relacionamento próximo com o governo iraquiano, dominado por religiosos muçulmanos xiitas, mas uma maior influência poderá causar mais confrontos com a comunidade muçulmana sunita.
O que quer a Síria?
Atualmente o governo em Damasco se encontra em um terreno bem mais instável do que seu aliado iraniano. As autoridades sírias estão sob grande pressão devido à investigação da morte do ex-premiê libanês Rafik Hariri. Um tribunal com o apoio da ONU já implicou a Síria no atentado que matou Hariri em fevereiro de 2005, mas o governo da Síria nega envolvimento. A Síria pode esperar diminuir o atual isolamento diplomático exercendo um papel mais positivo no Iraque. O governo americano considera a Síria um "Estado patrocinador do terrorismo", pois o país abriga grupos militantes palestinos que juraram a destruição de Israel.
A Síria poderá ver esta como uma oportunidade para mudar sua designação - talvez até em um esforço maior para resolver o conflito entre israelenses e árabes - incluindo uma chance de reabrir suas próprias negociações com Israel para o retorno das Colinas do Golã, ocupadas por Israel desde a guerra de 1967.
Finalmente, Damasco precisa de cooperação comercial e apoio do Ocidente, pois seu isolamento político é agravado por uma fraqueza crônica da economia do país.
A pergunta de um milhão de dólares é: Vale a pena?!

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