7.11.06

Da série: Qualquer semelhança não será mera coincidência!


Outro Maomé, cognominado Maomé II, um enérgico soberano dos turcos otomanos no século XV, estava destinado a completar a extinção do Império do Oriente. Pouco restava desse império além de uma delgada fatia de território na margem européia do Bósforo, principalmente nos subúrbios de Constantinopla (sempre começa nos subúrbios!). Mas essa cidade minguara tanto em tamanho e “espírito público”, que Franzia, camarista da corte e secretário do último imperador Constantino Paleólogo, só conseguiu encontrar, por meio de um senso diligente, 4790 cidadão dispostos e aptos a pegar em armas pela defesa da cidade. Contando as tropas auxiliares estrangeiras, uma guarnição talvez de 7 ou 8 mil soldados defendia os muros de Constantinopla em seu último cerco por aproximadamente 250 mil mulçumanos!

A descrição desse cerco é uma das passagens mais memoráveis do livro de Edward Gibbon. Leiam e fiquem atentos!

4 comentários:

João Moutinho disse...

Martel,
O nome dO Profeta é Muhammad mas após trascrição do italianos Maometo, que por sua vez foram buscá-lo aos turcos, passámos a designá-Lo por Maomé. Não nos esqueçamos que Camões designva-O por Mafoma.
O nome do Sultão seria Maommetto II, ou algo de parecido.
Na tomada de Constatinopla os turcos otomanos ultilizaram canhões construídos no que é hoje a Alemanha, outrora o Sacro Império Romano Germânico.
A propósito de Constatinopla, não nos equeçamos da Cruzada de 1204. Parece que os venezianos encurtaram o caminho aos cruzados.

MARTEL disse...

Caro Moutinho,

Outra colocação preciosa e bastante pertinente que requer e favorece um melhor entendimento.
Bem, primeiramente devo dizer que não vejo muita relevância em como o tradutor de Gibbon colocou o nome do profeta, haja vista que Muhammad, Maometo ou Maomé é inteligivel a qualquer leitor de nossa língua e em todos os casos serve para designar a mesma personagem histórica, e seus homônimos (ou homónimos, como se escreve em Portugal). Da mesma forma não vejo que grande importância venha a ter a procedência dos canhões utilizados pelos turcos invasores, pois o que pesa na questão não é quem os produziu, mas quem os utilizou e como. Convém aqui salientar que as atuais técnicas de enrequicemento de urânio empregadas por Iranianos e Coreanos para se armarem contra o ocidente, foram desenvovidas no próprio ocidente. Logo, para a história não importa tanto a origem, mas sim o escopo.
E por fim, você lembrou muito bem a investida dos cruzados venezianos contra Constantinopla que, de fato, contribuiu para o enfraqecimento da cidade. Mas também é bom lembrar que muito antes disso, os turcos seljúcidas já haviam investido contra a capital de bizâncio - mais precisamente no ano de 1071 - quando o imperador Diógenes IV foi capturado em Manzikert. Essa batalha é que marca a desintegração do sistema defensivo que durante séculos protegeu a Ásia Menor contra a entrada dos turcos na península anatólica. Com isso o Império Bizantino perdeu até um terço de sua população e recursos.
Quase dois séculos depois, foi que os venezianos invadiram a cidade.
E do ponto de vista cultural, é de se crer que se os venezianos, e não os turcos, tivessem dominado Bizâncio, sua civilização não teria sido extinta, posto que partilhavam da mesma raiz histórica (greco-romana) e da mesma religião (o cristianismo).
Mas o fato é que foram os turcos otomanos, com o respaldo ideológico da Jihad, que sitiaram, invadiram e destruiram o maior bastião da Europa Cristã em seu limiar com o oriente. E fez com que comerciantes venezianos e genoveses perdessem o acesso mediterrâneo às rotas comerciais para a Índia e a China.

Prof-Forma disse...

Mas o fato é que foram os turcos otomanos, com o respaldo ideológico da Jihad, que sitiaram, invadiram e destruiram o maior bastião da Europa Cristã em seu limiar com o oriente. E fez com que comerciantes venezianos e genoveses perdessem o acesso mediterrâneo às rotas comerciais para a Índia e a China.

Precisamente. Há de resto historiadores como Philippe Brownstein que afirmam que o assalto veneziano a Constatinopla tinha por objectivo garantir que esse ponto nevrálgico do comércio medieval não caía em mãos otomanas.

Prof-Forma disse...

Some-se a isso o facto de Inocêncio III ter excomungado os capitães que desviaram os barcos dos cruzados para a capital do Império do Oriente.