28.11.06

O Veneno do Kremlin


Num artigo lúcido e franco, postado no site "Mídia Sem Máscara", o escritor Jeffrey Nyquist (autor de "The Origins of The Fourth World War"), alerta para um tenebroso enredo geopolítico surgido da articulação entre a Russia e o Facismo Islâmico, cuja ação recente resultou na morte do ex-espião Alexander Litvinenko.
Ex-tenente coronel da KGB/FSB, Litvinenko escreveu um livro intitulado “Blowing Up Russia:Terror from Within” [Explodindo a Rússia: O Terror que Vem de Dentro]. Em uma entrevista a Rzeczpospolita em julho de 2005, ele explicou que o número dois da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, foi treinado pela FBS (KGB) na Rússia juntamente com outros líderes da al-Qaeda. De acordo com Litvinenko, "somente uma organização [...] transformou o terrorismo na principal ferramenta para a solução de problemas políticos." E essa organização, segundo ele, "são os serviços especiais russos." A KGB treinou terroristas em todo o mundo!
Noticia-se agora que Litvinenko foi envenenado por tálio, descrito pelo Telegraph (Reino Unido) como um líquido incolor e inodoro "freqüentemente utilizado para matar ratos”. O envenenamento ocorreu em Londres, quando Litvinenko recolhia informações sobre o assassinato da jornalista russa Anna Politkovskaya. Litvinenko havia afirmado que o terrorismo checheno é uma provocação inspirada pela KGB com a finalidade de legitimar a ditadura de Putin, e que a Rússia finge combater o terrorismo com uma mão enquanto o comanda com a outra. Um homem corajoso o suficiente para arriscar sua vida prevenindo os outros, a ponto de fazer uma acusação contra os criminosos mais perigosos do mundo, merece ser levado a sério. Mas o fato de que sua mensagem é sistematicamente ignorada, que nenhum jornal ou político discutam seu testemunho a respeito de Ayman al-Zawahiri, é um artefato sociológico de grande relevância.
A essa altura, a estratégia russa já deveria estar evidente. Sabe-se que China e Irã estão recebendo armamentos russos - até mesmo a tecnologia nuclear russa. Sabe-se que a Rússia está tentando formar várias alianças com países como Brasil, Índia, Venezuela, etc.. Sabe-se que Rússia e China formaram uma íntima parceria, que conduziram exercícios militares em conjunto, e que a China tem cultivado o México como parceiro estratégico. O equilíbrio de poder está mudando, talvez decisivamente, e os resultados dessa mudança poderão, em breve, tornar-se visíveis a todos.
O suicídio do Ocidente está acontecendo ante nossos olhos. Do assassinato de Anna Politkovskaya ao envenenamento de Alexander Litvinenko, da queda da África do Sul à vitória eleitoral de Daniel Ortega na Nicarágua, os velhos fascistas de sempre continuam a matar seus inimigos enquanto avançam de vitória em vitória. A KGB governa a Rússia abertamente, inundando a China com armas, incentivando as ambições nucleares do Irã, armando insurgentes talibãs no Afeganistão, subvertendo a aliança ocidental através da economia, neutralizando a Alemanha através da unificação germânica, minando a OTAN conforme os países signatários do Pacto de Varsóvia, sob falsas cores democráticas, vão, um a um, se tornando membros.
A Rússia é uma grande jogadora, apesar do que nos foi dito sobre “o fim do comunismo”. O Kremlin age agora ousadamente, a céu aberto, para que todos os russos compreendam. É um caso de terrorismo. Uma amostra de como incutir medo. Escritores estão sendo mortos, e agora desertores do serviço secreto estão sob a mira. As cartas finais estão sendo jogadas, e a imprensa internacional, o público e muitos políticos não estão entendendo absolutamente nada.


Para saber mais leia o texto de Jeffrey Nyquist na íntegra.

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