7.11.06

O Conselho dos Direitos Islâmicos


Criada em 1946, a Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas foi tomada pelos representantes das piores ditaduras e virou uma farsa. "Uma sombra na reputação das Nações Unidas como um todo", na definição do secretário-geral Kofi Annan. Em junho, o órgão desprestigiado foi substituído pelo Conselho de Direitos Humanos, cujos membros devem, em tese, respeitar os tais direitos para manter o mandato. A emenda saiu pior que o soneto. Tomado pelos representantes de países islâmicos, o novo organismo é ainda mais desastroso do que seu antecessor. Em vez de fiscalizar o respeito aos direitos humanos, o conselho transformou-se numa tribuna em que árabes e muçulmanos em geral exercitam o ritual dos discursos antiisraelenses. Quem deu o tom nas quatro reuniões do conselho realizadas até agora – a primeira foi em junho – foi a Organização da Conferência Islâmica, um grupo de países árabes que detém dezessete das 47 cadeiras da entidade.
Como as vagas foram distribuídas proporcionalmente por regiões do globo, sem levar em conta os critérios de respeito aos direitos humanos, o conselho tornou-se um simulacro, na esfera diplomática, do conflito global. De um lado estão as democracias – Japão, Canadá e países da União Européia –, com onze cadeiras. Do outro lado, os países muçulmanos, que somam seus votos com Cuba e outras ditaduras da África e da Ásia para barrar qualquer resolução que condene atos de desrespeito aos direitos humanos, exceto, evidentemente, aqueles cometidos por Israel. Como as decisões são tomadas por maioria simples, não há possibilidade de um resultado honesto.
Entre as resoluções que já foram barradas está a que condenava a guerra em Darfur, no Sudão, país governado por fanáticos islâmicos, que matou 200.000 pessoas desde 2003. A resolução contra a guerra civil no Sri Lanka, que já dura mais de duas décadas, também foi derrubada. Os membros europeus do conselho têm tentado colocar em discussão as denúncias de tortura no Uzbequistão e a dupla pena de morte no Irã – punição que consiste em enforcar um condenado, retirá-lo da corda pouco antes de morrer e depois enforcá-lo de vez. O grupo islâmico já avisou que vetará todas essas discussões.

3 comentários:

João Moutinho disse...

Vi o seu blog, apreciei algumas referências históricas.
No entanto, como Bahá'í não posso concordar com a sua visão sobre Maomé ou o Islão.

MARTEL disse...
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MARTEL disse...

Caro João

Primeiro quero agradecê-lo pela visita a este blog, seja sempre bem vindo.
Bem, eu só posso expressar minha admiração pelo ecumenismo pacífico da fé Bahá'í, e no esnsejo dizer que se a maioria dos seguidores de Maomé partilhassem de semelhante filosofia ética, o Islã não seria tão mal visto como tem sido.
Em todo caso, sinta-se sempre a vontade para expressar suas idéias e opiniões, que aqui desfrutarão de toda consideração.
Abraço.