5.1.07

Ainda a Rússia


Moscou, (Agência EFE) - A Rússia rejeitou hoje as sanções impostas pelos Estados Unidos contra três companhias russas que venderam armamentos ao Irã, Venezuela e Síria, países cujos regimes não são bem vistos pela Casa Branca. "Os EUA agiram mais uma vez de maneira superficial e com falta de perspicácia", disse à rádio "Eco de Moscou" Konstantin Kosachov, chefe da comissão de Exteriores da Duma (Câmara Baixa) russa. "O controle sobre as exportações russas de armamento é muito rígido. Todas as cargas de armamento com destino ao exterior cumprem com as obrigações internacionais", disse Kosachov.Segundo a imprensa dos EUA, o departamento de Estado americano impôs sanções válidas por dois anos ao consórcio estatal russo Rosoboronexport e a outras duas empresas russas do setor de armamento. O porta-voz da Rosoboronexport Valeri Kartavtsev afirmou hoje que "nunca houve um caso em que o consórcio tenha infringido as normas internacionais que regem a cooperação técnico-militar entre os países". Os Estados Unidos já haviam imposto em julho sanções semelhantes ao consórcio aeronáutico russo Sujoi, acusado de vender armamento e tecnologia militar ao Irã. No entanto, quatro meses depois Washington revogou as punições. O departamento de Estado também puniu com sanções nos últimos meses empresas da Índia, de Cuba e da Coréia do Norte por violarem a Lei de não-proliferação de armas no Irã. A regra, de 2000, tem como objetivo impedir que Teerã possa desenvolver armas de destruição em massa.Apesar da oposição americana, a Rússia anunciou há poucos dias que entregaria ao Irã mais da metade dos sistemas de defesa antiaéreo Tor M-1, em cumprimento do contrato assinado entre os dois países no final de 2005.Pelo acordo, nos próximos três anos Moscou deve entregar a Teerã 29 sistemas de mísseis antiaéreos russos Tor M-1, por um valor de US$ 700 milhões. O Irã pretende utilizar estes sistemas para defender infra-estruturas vitais como as usinas nucleares de Isfahan, Teerã e Bushehr, esta última construída com a ajuda de engenheiros russos.Desta forma, o Irã poderá fazer frente a um possível ataque aéreo com caças da classe Stealth, helicópteros, mísseis cruzeiro e bombardeiros como os utilizados por Israel para destruir, em 2003, as usinas nucleares do Iraque. Da mesma forma, a Rússia se tornou o principal fornecedor de armas à Venezuela, apesar das reservas dos EUA, que acreditam que a venda de armamento ao país sul-americano não contribui para a segurança da região. Nos últimos dois anos, Moscou assinou com Caracas contratos de venda de armas no valor de mais de US$ 3 bilhões. Pelos acordos, serão entregues à Venezuela 54 helicópteros Mi-17, Mi-26 e Mi-35.Em visita oficial à Rússia em agosto, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, agradeceu pessoalmente ao Kremlin por continuar fornecendo armas ao seu país, apesar das pressões norte-americanas. Segundo relatório do congresso americano, em 2005 a Rússia superou os Estados Unidos em venda de armas aos países em vias de desenvolvimento, graças aos contratos assinados com nações como o Irã, a China e a Índia. Os EUA não eram superados nesta esfera desde 1999. No começo do ano, o chefe do Estado-Maior do Exército russo, o general Yuri Baluyevski, acusou os EUA de usarem a luta contra a proliferação de armas de destruição em massa para "defender seus interesses nacionais e como forma de pressão sobre potenciais concorrentes no mercado de armamento".

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