1.2.07

Enquanto isso na Inglaterra multicultural

A polícia britânica interrogou nesta quinta-feira nove suspeitos de terrorismo presos na véspera, em Birmingham, região central da Inglaterra. Ao mesmo tempo, a polícia tentava apaziguar a revolta que a megaoperação antiterrorista provocou na comunidade mulçumana da cidade.
Os britânicos acreditam que os nove homens sejam de origem paquistanesa. Os suspeitos estariam planejando seqüestrar um soldado mulçumano, membro do exército britânico, decapitá-lo e sua execução seria filmada e transmitida na internet.
O soldado que seria assassinado como represália por ter servido no Afeganistão se encontra em lugar seguro, afirmaram fontes ligadas à operação anti-terrorista.
Uma fonte do serviço de segurança ressaltou que o plano abortado pela polícia mostra uma mudança na tática dos terroristas islâmicos em solo britânico, inspirados nas operações da Al-Qaeda no Iraque.
Segundo a fonte, esse plano revela que os terroristas parecem tramar ataques menos grandiosos do que os de 7 de julho de 2005, quando o transporte público londrino foi atingido, deixando 52 mortos e centenas de feridos.
Alguns bairros da cidade de Birmingham já sofreram outras operações antiterroristas, mas nenhuma delas foi concluída com apresentação de acusações contra os detidos. Os moradores locais reagiram com indignação e desconfiança com relação à esta operação, que foi lançada na magrugada de quarta-feira, durante a qual a polícia invadiu oito vilas residenciais. Os moradores da região são mulçumanos e expressam abertamente seu ceticismo e raiva.
"Cada vez que os policiais vêm aos bairros mulçumanos, derrubam as portas por qualquer coisa. Eles não gostariam de ver que tiraram seu pai e sua mãe da cama no meio da noite", disse indignado Imran Khan, um jovem de origem paquistanesa de 19 anos.
Parentes e amigos dos mulçumanos detidos asseguram que eles são inocentes. Wasim Raja, que trabalha em uma pequena loja de Alum Rock, um bairro de Birminghan, deixou claro que não crê na culpa de seu vizinho, preso pela polícia na madrugada de quarta-feira.
"Eu o conheço desde pequeno e ele não é o tipo de pessoa que vá cometer um ato terrorista", disse à AFP.
Muitos moradores de bairros como Sparkhill, Kingstanding e Washwood Heath afirmam que freqüentam diariamente os estabelecimentos invadidos, mas jamais viram atividades terroristas lá.
Desde os atentados de julho de 2005, a comunidade paquistanesa da Grã-Bretanha se sente perseguida e afirma que é o alvo preferido das batidas policiais.
A polícia reconhece que o apoio da população mulçumana é "crucial" e agora tenta apaziguar a raiva e a desconfiança dos mulçumanos britânicos. Paralelamente, líderes da comunidade e policias vêm se reunindo desde quarta-feira, o mesmo dia em que houve a mega-operação.
Além de estabelecer diálogo, a polícia abriu linhas telefônicas para "tranqüilizar" a população e se prepara para começar a distribuir, na quinta-feira, milhares de comunicados, impressos em inglês, hindú, urdú e punjabi. Neles, a polícia pede à população que seja paciente e vigilante, afirmou uma fonte policial à AFP.
Ao mesmo tempo, os detetives seguem revistando a dúzia de residêcias e comércios invadidos na véspera em Birmingham.
A polícia tem um prazo de 28 dias para interrogar os suspeitos, antes de pô-los em liberdade ou apresentar acusações contra eles.

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