22.3.07

O Corão ou a Lei?


A revelação de que uma juíza alemã se recusou a conceder o divórcio imediato a uma mulher de origem marroquina agredida pelo marido, sob a alegação de que o Corão não condena este tipo de tratamento, provocou muita polêmica na Alemanha.
A notícia ocupa a primeira página de quase todos os jornais alemães e é destaque em todas as emissoras de televisão de informação contínua.
"Onde vivemos? Uma juíza autoriza as agressões entre cônjuges e se refere ao Corão", estampa o Bild, jornal de maior tiragem do país.
"Em nome do povo: as agressões estão autorizadas", afirma o jornal de esquerda Taz, que publica na primeira página um trecho do versículo 34 da quarta sura (capítulo) do Corão: "Àquelas de quem temais desobediência, admoestai-as, confinai-as nos seus aposentos, castigai-as."
Um tribunal de Frankfurt aprovou na quarta-feira um recurso apresentado pelo advogado da mulher de 26 anos, mãe de dois filhos, para destituir a juíza alemã. Um novo magistrado assumirá o caso.
O Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha reagiu imediatamente, ao afirmar que a juíza deveria ter se referido à Constituição alemã e não ao Corão. Também lembrou que no Islã tanto a violência como os maus-tratos são motivo de divórcio.
Os políticos alemães também demonstraram revolta e condenaram publicamente a atuação da juíza.
"Quando o Corão é elevado acima da Lei Fundamental alemã, então não me resta mais que dizer: boa-noite Alemanha", declarou o secretário-geral da União Democrata Cristã (CDU), Ronald Pofalla, partido que integra a coalizão de governo.
"Seus argumentos são tão insuportáveis que não seriam em nenhum caso considerados, mesmo do ponto de vista de uma eventual interpretação do direito e da lei", critica na edição on-line da revista Der Spiegel o ministro do Interior da Baviera, Guenther Beckstein, da União Social Cristã bávara (CSU).

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